7 de jun. de 2007

Curiosidade

É tudo curiosidade (de novo). É querer saber quem é aquela pessoa.

"Como reagirei com o primeiro contato?/Será que seremos amigos?/Que pessoa interessante."

Mas algo nela me diz que existe alguma coisa estranha.Ainda não sei o quê. Mas qualquer ato dessa pessoa me desperta alguma coisa.Cada gesto é tão significativo...

Essa curiosidade me sacode. Faz tremer os joelhos durante alguns segundos. Ansiedade. Querer ir. E algo prende. E sei que sou eu mesma.A covardia me invade nos momentos mais inapropriados.

Cadê aquela Eu? Some e nem diz onde foi, quando volta ou porque se foi.

Vejo-me por fora e vejo que aquilo não sou eu! Sou também. E se isso causar dor, frio ou qualquer outra coisa que não sei o nome e também não quero saber, porque me faz mal. Mas precisamos saber o nome dos inimigos. (Precisamos?)Esse sentimento está cheio de texturas e cores. Cor carmim, eu acho.

Sossega coração. Fica quietinho só por um instante para eu pelo menos conseguir organizar esse pensamento que pensa de mais.Calma, só um pouquinho. Eu sei que você gosta de bater forte. Gosta de sair por aí sem pedir licença à quem lhe cede moradia. Vai indo. E vai mesmo. E eu que fique aqui para segurar as pontas.

Enfim, estou ali, de frente para o curioso. E sou eu que fico sem gestos, sem atos, sem ar. Mas para que ar? Parecia a morte. E morto não sente falta desse átomo.

Então...estou viva e ali.

Ainda sem saber como saber sobre aquilo, aquele alguém, aquela situação.Era para ser bom. Mas bom não era exatamente o nome daquilo que eu estava sentindo. Não preciso achar o nome de nada e nem solução. Deixo a cargo de outrem essa resolução.

Deixar que se eu tiver que conhecer aquela pessoa e aquela coisa que sinto, não seja responsabilidade minha. Não será. Não me racionalize. Não procure o que não existe. Não queira respostas irrespondíveis.

Queira ser. Sinta a música.(Estou ouvindo você nesse exato momento)

E te ouso melhor assim. Aquela voz que me falava ontem era estranha. Era estranho te ouvir.Prefiro ainda te escutar desse jeito. Com esse som. Deixa assim. Pelo menos por enquanto.

Mar, adentre

Dias atrás, me deparei com duas notícias que por alguns motivos me chamaram atenção. A primeiro foi que a NASA encontrou evidências de que existe um mar em Titã, maior lua de Saturno. A segunda foi uma enorme faixa de poeira em uma das luas de Júpiter, Io. Cada vez mais recorrentes, notícias sobre o espaço, planetas, morte de estrelas, explosões solares, são capas de jornais, nos fazendo refletir sobre o fato de não estarmos sozinhos, e de estarmos cada vez mais próximos dessa “novidade antiga”, que são os fenômenos e as fantásticas peculiaridades da galáxia. Sempre acreditei que não estávamos sós. Muita pretensão achar que, nós terráqueos, somos os únicos. Enfim, as sondas da NASA conseguiram fotos sensacionais dos respectivos planetas e a comunidade científica mais uma vez explode de felicidade. Afinal, foram mais de 10 anos de investimento e intensas pesquisas. Mas há algo que realmente me leva a pensar sobre a sincronia dessas informações: não é a primeira vez que Júpiter e Saturno são vistos juntos.

Caio Fernando Abreu já havia falado dos dois planetas. No conto intitulado “O dia em que Júpiter encontrou Saturno”, o escritor descreve um encontro, no qual o diálogo é o principal atrativo. Entre bizarrices e delírios, o conto é extremamente audacioso e envolvente... uma das manias de Caio Fernando. Para os astrólogos, os planetas exercem uma forte influência sobre nós. Saturno, por exemplo, é responsável pelas mudanças. Já Júpiter representa a expansividade. Há um pouco disso mesmo acontecendo no mundo. É evidente que as mudanças são inerentes, mas não sei até onde está acontecendo a tal expansividade. Cada dia mais, vemos o indivualismo tomando conta, as pessoas se fechando em cápsulas, protengendo-se delas mesmo. Entre grades e cercas elétricas, efeitos da “ultra modernidade” infernal, instalada nas sociedades, os cacos de vidro espalhados nos nossos atos, afastam qualquer possibilidade de troca, de envolvimento. E por que não se envolver? Por que não deixar ser o outro também? Talvez as mudanças precisem disso pra se fazer ser entendidas, e sem sustos.

Hummm, tá aí a explicação para a poeira em Júpiter. Embaçaram a expansividade. A poeira dá alergia, não pode ser varrida para debaixo do tapete. Limpar, deixar fluir se faz necessário. Deixemos a mudança acontecer. Que nos seja dada a possibilidade de sermos nós mesmos. Que possamos ter encontros, sem medo. É mar de gente, é poeira cósmica. É a vontade dos cosmos, são todos ‘esses’ nos ensinando que é bom se envolver e ser.